Fonte: Folha de São Paulo - 23/02/07
Temperaturas 4ºC mais altas, praias com menos areia, furacões e tufões mais intensos. O cenário de caos anunciado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, divulgado no começo do mês, coloca os automóveis como um dos principais vilões do ambiente.
O órgão, criado pela Organização das Nações Unidas, diz que o aquecimento global é causado, principalmente, pela queima de óleo e carvão -o que move carros e fábricas. A União Européia já estuda uma lei para diminuir a emissão de poluentes. O consumidor dos EUA, o maior produtor de automóveis do mundo, já tem dado preferência aos carros de menor consumo.
George W. Bush anunciou que o país deve diminuir o consumo de gasolina e dar preferência a biocombustíveis, como o etanol. Além de reduzir sua dependência de países "inimigos", como a Venezuela, a troca beneficiaria o ambiente.
Na União Européia, houve quase um incidente diplomático para os carros ficarem mais limpos. Uma lei a ser votada obrigará a uma queda de emissão de poluentes dos atuais 163 g/km (gramas por quilômetro) para 120 g/km em 2012.
O comissário de Ambiente, Stavros Dimas, defende que todas as fábricas cumpram a nova regra, mas o de Indústria, Günter Verheugen, é a favor de um pacto voluntário com elas. Ele é da Alemanha, país famoso por seus carros potentes.
E as montadoras?
Wendelin Wiedeking, executivo-chefe da Porsche, definiu o plano como "um ataque contra a BMW, a Mercedes, a Audi e nós próprios". A lei beneficiaria as montadoras francesas e italianas, pois elas fazem carros de performance inferior.
A Nissan acabou de lançar, só para o Japão, um serviço que compara as médias de consumo de vários motoristas. Na internet, são disponibilizados os números dos condutores, estimulando uma competição.
O professor de Stanford diz que a única maneira de dirigir sem ter peso na consciência é escolher carros híbridos ou elétricos se a energia vier de fontes renováveis, como o vento. Mas trata-se de uma tecnologia cara. Nos EUA, a Toyota cobra US$ 18.470 (R$ 39 mil) pelo Camry, um dos carros mais vendidos lá. O Prius, com motor elétrico e a gasolina, custa US$ 22.175 (R$ 46,5 mil).
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