Votorantim e BNDES devem renovar acordo na Fibria

A Votorantim Industrial (VID) e a BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão discutindo a renovação do acordo de acionistas da Fibria para preservar o controle da companhia, apurou o Valor. O acordo em vigor expira no fim deste mês, o que liberaria a BNDESPar para vender todas as ações que detém na produtora de celulose, passando por uma eventual saída do bloco de controle.

A ideia é manter a atual estrutura, com VID e BNDESPar no bloco de controladores, porém o banco poderia reduzir sua fatia, desde que observada a participação conjunta mínima de 50,1% no capital da Fibria. Até o dia 29, a VID pode exercer a compra de 11,04% das ações da companhia detidas pela BNDESPar e que ainda estão vinculadas ao acordo em vigor.

O Valor apurou que a VID está analisando o assunto, mas não há decisão, e tudo indica que é muito pouco provável que venha a adquirir esse bloco de ações. Considerando-se o valor da ação da Fibria no fechamento de ontem, a VID teria de desembolsar pouco mais de R$ 1,7 bilhão para ficar com a fatia da sócia. Procuradas, VID e BNDESPar informaram que não comentam o assunto.

Nos três primeiros anos de vigência do contrato, de 2009 a 2012, a BNDESPar detinha uma participação de 21% vinculada ao acordo de acionistas, percentual que caiu a 11,04% nos dois últimos anos. O acordo foi firmado originalmente em 29 de outubro de 2009, ano em que foi constituída a Fibria a partir da incorporação da antiga Aracruz pela Votorantim Celulose e Papel (VCP).

Em 16 deo tempo, sem comprometer o bloco de controle, o banco poderia levantar até R$ 1,5 bilhão a preços atuais. outubro daquele ano, poucos dias antes da assinatura do acordo, a VID tinha 29,34% das ações, enquanto a participação da BNDESPar estava em 33,63%. Em abril de 2012, foi feita oferta primária de ações de R$ 1,4 bilhão. Hoje, a VID detém 29,42% da Fibria e o banco, 30,38% do total de 553.943.646 ações ordinárias. Se a VID mantiver sua parcela inalterada e a BNDESPar reduzir sua fatia ao longo d


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A ação ON da Fibria encerrou o ano passado valendo R$ 27,65, valor máximo alcançado desde então. A oferta adicional de matéria-prima, com a inauguração de três novas fábricas - da Suzano Papel e Celulose no Maranhão, da Oji na China e Montes del Plata no Uruguai -, jogou forte pressão sobre os preços da celulose de fibra curta e, consequentemente, sobre as cotações das produtoras listadas em bolsa. Nesse contexto, até o fechamento dos negócios ontem, o papel ON da Fibria acumulou queda de 1,7%, para R$ 27,17 cada.

O tombo poderia ter sido maior, não fosse uma combinação de boas notícias, ao menos para a indústria de celulose, tanto do ponto de vista setorial quanto macroeconômico. Desde 4 de setembro, quando a Ence anunciou o fechamento de sua fábrica de celulose em Huelva, na Espanha, as ações da Fibria engataram recuperação importante. A saída de 600 mil toneladas por ano da matéria-prima do mercado - 410 mil toneladas referentes à unidade na Espanha - permitiu aos principais produtores anunciar o primeiro reajuste do ano, válido a partir de ontem. Fibria e Suzano Papel e Celulose não informaram quais preços estavam em vigor, o que permitiria o cálculo do aumento, mas anunciaram que a tonelada de celulose negociada na Europa teria preço de referência de US$ 750. Na América do Norte, o preço foi estabelecido em US$ 840 por tonelada e na Ásia, de US$ 640 por tonelada.

Novo impulso às ações veio com a forte valorização do dólar nas últimas semanas, beneficiando as receitas da companhia, que exporta mais de 90% de sua produção, de 5,3 milhões de toneladas por ano. Assim, em quase um mês, a valorização das ações da Fibria chegou a 18,6%.

No entanto, as incertezas em relação ao comportamento do câmbio no curto prazo e a chegada de novas fábricas ao mercado têm alimentado a cautela de analistas e investidores. No próximo ano, a CMPC Celulose Riograndense pretende inaugurar em maio a expansão da unidade de Guaíba (RS), com 1,3 milhão de toneladas por ano e investimento de R$ 4,9 bilhões.

Pouco menos de um ano depois, a Klabin deverá iniciar a operação de sua nova fábrica, em Ortigueira (PR), de 1,5 milhão de toneladas por ano, com investimentos de R$ 5,8 bilhões, excluindo-se ativos florestais, melhorias em infraestrutura e impostos.

A própria Fibria já adiou a decisão sobre a implantação da segunda linha de celulose em Três Lagoas (MS). Inicialmente, a companhia pretendia enviar o projeto à aprovação do conselho em meados de 2014. Agora, há indicações de que uma posição não deve ser tomada antes do fim do ano. "O problema do setor é aumento de oferta despropositado", disse uma fonte.

Internamente, na Fibria, o lema atual, no que tange a aumento de capacidade, seria olhar responsavelmente o mercado, em busca de uma janela efetiva. A companhia pode produzir 1,3 milhão de toneladas anuais de fibra em Mato Grosso do Sul e pretende implantar uma nova linha, de 1,75 milhão de toneladas anuais, em investimento que poderia chegar perto de US$ 2 bilhões.


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