Sany prevê fábrica no Brasil em 2016

"Podemos chegar à plena capacidade de produção até 2020, mas isso vai depender do mercado", afirma Victor Yuan, um dos sócios da empresa.

Vinte cinco anos depois de fundar a Sany na cidade de Changsha, na China, com três sócios, Victor Yuan hoje comanda as operações da companhia do outro lado do mundo. No Brasil desde o fim do ano passado, depois de uma primeira passagem de 2010 a 2012, o empresário acompanhará de perto a construção da primeira fábrica da empresa no país. Yuan disse ao Valor PRO, serviço de tempo real do Valor, que o plano é dar início à construção até dezembro deste ano e inaugurar a fábrica em 2016, três anos depois do inicialmente previsto.

O objetivo da empresa era ter a fábrica em 2013, em um terreno de 560 mil metros quadrados, comprado em 2011, em Jacareí (SP). Nos últimos anos, o plano foi adiado, segundo o empresário, por causa do mercado local e da economia brasileira, que não se comportaram como a empresa previa.

Apesar da desaceleração econômica do país, a empresa considera que é hora de retomar os planos, observando o ritmo do setor. "Podemos chegar à plena capacidade de produção até 2020, mas isso vai depender do mercado", afirma Yuan. A previsão é de produzir localmente 3 mil unidades ao ano de cada tipo de máquina.

Enquanto a fábrica não fica pronta, a companhia vai continuar a vender máquinas importados e montados em sua unidade de São José dos Campos (SP). Segundo Yuan, vai entrar em novos mercados, com diferentes tipos de produtos de linha amarela e do setor portuário a partir do último trimestre deste ano.

Entre os tipos de equipamentos que a Sany tem interesse de iniciar venda no Brasil, o empresário citou também caminhões fora de estrada, usados em mineração, equipamentos de energia eólica, pavimentadores e usinas de asfalto. "São produtos que já temos há muitos anos na China", diz.

As máquinas da marca Sany são vendidos no país desde 2007, quando a companhia começou a operar como importadora. Quatro anos depois, inaugurou sua unidade de montagem ("CKD"), inicialmente para escavadeiras e guindastes sobre caminhão e sobre esteiras e, atualmente, também para rolos compactadores, máquinas portuárias, perfuratrizes e motoniveladoras.


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Hoje, a companhia calcula ter participação de 37% no mercado brasileiro de guindastes, com cerca de 200 máquinas vendidas em 2013, e 5% no segmento de escavadeiras. "Temos mais dificuldade neste mercado [de escavadeiras], em que concorremos com marcas como Komatsu e Caterpillar. Mas estamos crescendo a um ritmo razoável, de 1% a 1,5% ao ano, e vamos lutar bastante para chegar a 10% de participação", afirma.

A disputa inclui melhora do pós-venda e esforços para adaptar as máquinas às demandas específicas do país, afirma Yuan. Para isso, a Sany pretende instalar um centro de pesquisa e desenvolvimento no mesmo local.

O investimento na nova unidade será de US$ 300 milhões, divido em duas partes: metade para estoques e capital de giro e a outra metade para o desenvolvimento dos produtos, melhoria de pós-venda, serviços de reposição de peças e logística. Nos primeiros anos de atuação no país, a Sany investiu US$ 200 milhões, diz o empresário, o que incluiu os aportes na unidade de montagem e na comercialização dos produtos.

A unidade será a quarta fábrica da Sany fora da China. A companhia também produz suas máquinas nos Estados Unidos, na Alemanha e na Índia.

Apesar de ver o Brasil como um mercado prioritário, o que justifica a presença de um dos fundadores da empresa no país, uma pequena parte das receitas da Sany é gerada no mercado brasileiro. Segundo Yuan, o Brasil responde por aproximadamente 1% do total, que somou R$ 30 bilhões no ano passado. "Mas o objetivo é chegar a 3% em alguns anos", diz.

Uma das maiores dificuldades da companhia, segundo o Yuan, é a diferença de cultura entre brasileiros e chineses. Hoje, a empresa tem 200 funcionários, sendo 170 locais e 30 vindos da China. Com a fábrica, o número vai dobrar para 400 (40 chineses). "A minha meta é montar no Brasil uma equipe tropicalizada, nacional e madura", afirma. E informa que está em busca de um novo presidente para a companhia, que seja seu sucessor.