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Sem crescimento da demanda no mercado doméstico e com capacidades de produção expandidas após investimentos nos últimos anos, fabricantes de máquinas e equipamentos têm buscado mais clientes fora do país. A aceitação dos equipamentos brasileiros tem sido positiva, segundo os dados do setor. De janeiro a junho, os embarques somaram US$ 6,6 bilhões, 20% acima do valor do mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
O valor das vendas ao exterior foi o maior desde o inicio da série histórica de dados da Abimaq e nada menos do que 44% do total do faturamento do setor na primeira metade do ano, muito acima da média histórica de 32%.
O principal destino das máquinas brasileiras continua sendo a América Latina, com um terço do total, embora a participação da região esteja em queda nos últimos quatro anos. Estados Unidos e Europa, segundo e terceiro colocados, elevaram as compras em dois dígitos, conforme os dados da Abimaq.
O aumento das exportações é positivo não apenas por ajudar o desempenho do setor, mas vem contribuindo também para reduzir o déficit industrial brasileiro. Com o aumento das exportações, ao mesmo tempo em que as importações encolhem com a queda da demanda interna, o déficit da balança comercial do setor caiu 25% neste ano. O saldo negativo do setor é de US$ 8 bilhões na primeira metade do ano, já que as importações totalizaram US$ 14,6 bilhões.
Por outro lado, o aumento das exportações é interpretado pela Abimaq como consequência do enfraquecimento do mercado local e, portanto, motivo para preocupação, não para comemoração. O consumo aparente de máquinas e equipamentos no país caiu 13% no primeiro semestre, de acordo com a Abimaq, para R$ 54 bilhões.
Entre as máquinas com aumento mais expressivos de exportações estão as usadas em infraestrutura, indústria de base e construção civil. Entram no grupo equipamentos usados em portos, na produção de cimento, em transmissão de energia e na indústria de papel e celulose, por exemplo. "São áreas em que o Brasil tem tradição", diz José Velloso, presidente executivo da Abimaq.
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No caso do petróleo e de energia renovável, cujas exportações correspondem por 11% do total, grande parte das vendas são as chamadas no setor de "exportações fictas". Neste caso, as máquinas são vendidas ao exterior, mas não chegam a sair do país. O principal comprador é a Petrobras. Nesse segmento, as exportações somaram US$ 735 milhões no semestre, mais do que o dobro da cifra do ano anterior por causa do aumento das compras da estatal brasileira.
Velloso, que é membro do Conselho de Óleo e Gás da Abimaq, diz que entram nas estatísticas equipamentos como válvulas de produção ("árvores de natal"), cabeças de poço (usadas para perfuração) e outros equipamentos usados em águas profundas para a exploração de óleo e gás. "Embora os equipamentos fiquem no litoral do país, são equiparados a uma exportação", afirma.
Essa particularidade contribui para o aumento dos valores de exportações para os Estados Unidos e para a Europa, locais que seriam, em tese, os destinos de parte dessas vendas do segmento de óleo e gás.
No setor de equipamentos rodoviários, a Ciber, subsidiária no Brasil do grupo alemão Wirtgen, é um exemplo de companhia que adotou como estratégia a ampliação da participação dos clientes internacionais em seu portfólio. A empresa informou ao Valor recentemente que suas vendas ao mercado externo subiram 7% no primeiro semestre. O número foi puxado pelo aumento da venda de usinas de asfalto fabricadas no Brasil, principalmente para o norte da America Latina e para a África.
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