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Mesmo que consiga um desfecho positivo na negociação com os credores que não participam da dívida reestruturada e evite o "default", o governo argentino dificilmente conseguirá reverter o processo recessivo que já castiga as empresas. O setor produtivo já é vítima de regras que isolaram o país. Por isso, as empresas não precisam esperar o prazo final das negociações, daqui a uma semana, para planejar a redução no ritmo da atividade.
Mas um eventual calote tornaria o quadro ainda mais catastrófico, na visão de analistas e empresários. "O país já entrou em recessão e, por isso, espera-se perda salarial, redução no consumo e aumento na taxa de desemprego", afirma o economista Daniel Marx, que foi chefe de negociação da dívida argentina entre o fim dos anos 80 e início dos 90.
Entre as principais preocupações das empresas aparece o temor de que o ritmo de liberação de dólares para importações, já bastante controlado pelo Banco Central, diminua ainda mais. O aumento no custo do capital é outro receio. São raros, no entanto, os dirigentes de empresas que falam sobre esse ou qualquer outro assunto que possa provocar algum tipo de retaliação por parte do Poder Público.
O ritmo da atividade industrial já começou a dar sinais de desaceleração e foi o setor que mais puxou a contração da economia. No primeiro trimestre o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,8% na comparação com os três últimos meses do ano passado. Numa atitude inédita, o governo de Cristina Kirchner reconheceu a contração econômica. Mas tem culpado as empresas por provocar os aumentos de preços que resultaram em uma inflação que chegou a 15% no primeiro semestre e deve alcançar algo entre 35% e 40% no ano, segundo analistas independentes.
A taxa oficial de desemprego é de 7%. Mas economistas apostam que passou de 10% e seria ainda maior não fossem os programas sociais, que tiram do mercado aqueles que não procuram emprego porque recebem benefícios do Estado.
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No compasso de espera e com programas de investimentos parados, os empresários assistem, desanimados, o governo lutar contra o relógio nas negociações. No dia 30 termina o prazo para a negociação. Se não houver acordo, o país entra em "default" oficialmente.
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