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O setor siderúrgico passa por seu pior mês no ano e ainda é difícil dizer quando a volta de um cenário de equilíbrio vai chegar. Com a fraca demanda e os preços no mercado doméstico ligeiramente acima da média global, os preços no curto prazo estão em risco, dizem especialistas.
Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Inda, entidade que reúne as empresas distribuidoras de aços planos do país, responsáveis por um terço da comercialização desse tipo de produto no mercado interno, a expectativa é de retração de 12% nas vendas de junho, em relação a maio, pela queda da atividade industrial. A previsão é de que 324,3 mil toneladas sejam comercializadas neste mês, ante 368,5 mil em maio.
"Acreditamos que os dados divulgados pela Inda adicionam preocupação quanto à demanda e às implementações de aumentos de preço do aço no curto prazo", diz a equipe de análise do Goldman Sachs, liderada por Marcelo Aguiar. A análise do banco americano dos prêmios para o aço doméstico indica que os preços locais, tanto para os tipos planos quanto longos, estão ligeiramente acima do limiar médio global. "Isso coloca em risco a perspectiva de curto prazo para os preços locais".
O Brasil Plural confirma a visão negativa para o setor siderúrgico e também identifica o risco de queda dos preços de aço. O mês de junho compara-se apenas a dezembro, sazonalmente mais fraco, afirma o banco. A desvalorização do real poderia ajudar, mas é melhor não depender dela, afirma a instituição de análise.
O boletim mensal do Inda indicou que as importações de aço plano subiram 124% em maio, ante igual mês do ano passado, para 224,7 mil toneladas. No acumulado do ano, a alta é de 50%, com quase 70% procedente da China.
Segundo executivos do setor, o real mais valorizado ante o dólar, o excesso de oferta de aço no mercado mundial e a queda dos preços internacionais podem ter contribuído para o aumento das importações. O problema é que, se as compras brasileiras do exterior permanecerem tão elevadas em junho, produtoras de aço plano como Usiminas, CSN e ArcelorMittal podem ter de oferecer descontos de preços, diz o Goldman.
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Pelo modelo de análise do banco para a Usiminas, os preços de aço plano tendem a cair 3% no terceiro trimestre e 2% no quarto trimestre. A Gerdau é a preferida do setor, com chance de uma boa melhora em demanda e rentabilidade por conta do negócio nos Estados Unidos.
Dados recentes mostram que as exportações líquidas na China em maio marcaram um recorde histórico e dados preliminares para as importações em maio nos Estados Unidos atingiram o maior nível em uma década. Poderia ser motivo para otimismo, avalia o Brasil Plural, mas não se pode esquecer do excesso de capacidade global e da falta de disciplina da China.
"Não podemos ver a luz no fim do túnel", diz a equipe do analista Renato Antunes, que considera as inúmeras transações simplesmente como sinal de que os preços de matérias-primas - minério de ferro e carvão térmico - tendem a se recuperar, ou que os preços globais do aço tendem a cair. O Brasil tende a reagir de acordo com as tendências de preço globais, afirma ele, "a não ser em caso de desvalorização do real".
As siderúrgicas passam por um ano difícil também em bolsa. As ações preferenciais da Usiminas - as mais líquidas, negociadas no Ibovespa - puxam as quedas, com recuo de 44,3% desde janeiro, seguidas pela desvalorização de 33,5% das ações da CSN. No mesmo período, os papéis preferenciais da Gerdau caem 26,3%, e os da Gerdau Metalúrgica, 30,4%.
Conforme os dados do Inda divulgados ontem, os estoques das distribuidoras de aços planos em junho devem subir para 3,1 meses de venda, o correspondente a 991 mil toneladas. Em maio, as vendas da rede ficaram estáveis em relação ao mesmo mês de 2013 (menos 0,4%). No mês passado, as distribuidoras já mostraram boa dose de cautela na reposição de estoques, diante do desaquecimento da demanda no país. As compras junto às siderúrgicas foram 9,8% menores que as de um ano atrás. (Colaborou Ivo Ribeiro)
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