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A liberação de crédito do BNDES para a compra de máquinas e equipamentos vem registrando uma forte desaceleração neste ano. Com o enfraquecimento do setor - cujas vendas estão 13,8% menores do que no ano passado - e uma maior seletividade por parte dos bancos repassadores, o valor liberado de janeiro a abril é praticamente o mesmo do mesmo período de 2013.
Segundo dados do banco de fomento, os desembolsos somam R$ 23 bilhões, uma alta tímida de 0,2% em relação aos quatro primeiros meses do ano passado. Em 2013, o avanço na comparação com o mesmo período do ano anterior havia sido de 77%. Além da base de comparação ter sido mais fraca, já que em 2012 os repasses ficaram próximos de R$ 13 bilhões, o que contribui para essa queda é uma situação mais difícil das companhias, com o setor em retração.
Executivos de fabricantes de máquinas vêm afirmando que seus clientes, principalmente os menores, têm relatado maiores dificuldades de conseguir os recursos do BNDES nos bancos. É o caso de pelo menos cinco clientes de um fabricante de guindastes do país, que prefere não se identificar. Apesar de os bancos não recusarem os pedidos na maioria das vezes, ele afirma que o tempo de espera para a aprovação aumentou e que, em alguns casos, as empresas desistiram ou adiaram a compra.
De acordo com executivos de grandes bancos privados repassadores de recursos do BNDES, a demora em liberar empréstimos é resultado da cautela ao aprovar novas operações. Na visão das instituições financeiras, o momento ruim da economia acentuou o risco de calote, em especial de empresas da cadeia da indústria. Como nas operações de repasse o prejuízo com inadimplência é do agente repassador - e o spread (remuneração) dessas linhas é apertado - os bancos optam por ser mais conservadores em momentos de incerteza.
"Não mudamos nossos modelos estatísticos de aprovação de crédito, mas, nas operações acima de um determinado volume, a aprovação depende de um comitê de funcionários do banco. Temos visto nossos gerentes mais cautelosos em liberar os recursos, pedindo mais documentos às empresas", afirma um diretor de um banco privado. Para ele, embora o cuidado com fornecedores da indústria tenha crescido, no agronegócio o volume de operações ainda está aquecido.
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Carlos Pastoriza, presidente eleito da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), também atribui a desaceleração da Finame a uma piora do mercado, com a redução da demanda por máquinas trazendo dificuldades às empresas no país. "Com o enfraquecimento da indústria da transformação, obviamente essa situação faz com que o banco prestador, que assume o risco, seja cada vez mais conservador na análise de crédito."
Para a obtenção do dinheiro com os bancos, as empresas contam desde 2009 com o incentivo do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que garante crédito a juros bem mais baixos do que os praticados no mercado. Esses recursos entram nas contas da Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame), empresa do BNDES dedicada ao setor de bens de capital. Com vigência de um ano, o programa vem sendo prorrogado anualmente e, neste ano, as taxas são de 6% para grandes empresas e de 4,5% ao ano para micro, pequenas e médias.
No ano passado, o PSI foi considerado um importante instrumento para incentivar as vendas no setor. Os desembolsos totais da Finame somaram R$ 70,4 bilhões, 62% mais do que em 2012. O banco diz que não há, de sua parte, nenhum represamento de operações ou atraso nas liberações neste ano.
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