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Apesar de bons resultados operacionais e financeiros nos últimos trimestres, as siderúrgicas brasileiras despencam este ano na bolsa. A Usiminas lidera as perdas do Ibovespa, com queda de 37%, enquanto CSN e Gerdau estão entre as maiores quedas, de 31% e 23%, respectivamente. Ao mesmo tempo, o Ibovespa cai 12%. O desempenho sofrível é decorrente, principalmente, de uma combinação de fatores que levam o mercado a adotar uma visão negativa e cautelosa para a siderúrgico, dentro e fora do Brasil.
Os analistas apontam ao menos três razões para o pessimismo com as siderúrgicas. A primeira é a queda dos preços do minério de ferro e do aço, em um momento ruim para as commodities no mundo e de preocupações com o crescimento chinês. A falta de liquidez no país tem piorado as perspectivas, dizem. Em seguida, citam as previsões de crescimento apenas fraco da demanda por aço no Brasil (de cerca de 3%) e em outros países. Por fim, destacam algumas particularidades do Brasil que agravam a situação das empresas locais.
Entre esses agravantes, o analista Felipe Reis, do Santander, cita a Copa do Mundo, que pode reduzir a atividade econômica no país, em junho. E menciona a possibilidade de racionamento de energia, com impactos no ritmo industrial, o que pode reduzir ainda mais a demanda por aço. O crescimento baixo da economia brasileira e desconfianças com a política econômica do país também deixam os investidores receosos. "Há um mau humor geral com o Brasil", diz.
Os analistas lembram ainda que as siderúrgicas tiveram um bom desempenho na bolsa em 2013. Usiminas subiu 11%, Gerdau, 4%, e CSN, 33%. Já o Ibovespa caiu 15%. Além disso, o setor tem um "beta alto", diz Reis. Isso significa que, quando o índice sobe, suas empresas tendem a subir mais. Mas quando cai, tendem a cair mais.
No cenário macroeconômico, o preço mais baixo do minério afeta duplamente as siderúrgicas brasileiras. Diretamente, por terem operações próprias de mineração. Indiretamente, pelo fato de a queda da commodity, ao reduzir os custos de produção de aço no mundo, abre espaço para cortes de preço de aço. As siderúrgicas aproveitam para tentar ganhar mercado com preços mais agressivos.
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Neste ano, o preço do minério de ferro já desabou 18%, para US$ 109,6 a tonelada. CSN e Gerdau são autossuficiente na matéria-prima, enquanto a Usiminas vem expandindo suas operações para ser autossuficiente neste ano. Salvo situações específicas - como é o caso empresa mineira, que tem posições vendidas da commodity -, as três são prejudicadas por uma cotação mais baixa.
"Certamente, o preço atual é menor do que elas previam quando planejaram seus investimentos", afirma Reis. As fabricantes de aço não têm custos de produção tão baixo como os da Vale e passam a ter rentabilidade muito baixa quando o preço da commodity cai para um nível de US$ 90 por tonelada.
Em relação à demanda, os analistas citam uma demanda fraca do setor automotivo ficará estável pesa nas projeções do segmento de aços planos. Os analistas também não veem, neste momento, espaço para novos aumentos de preços no mercado doméstico. Principalmente por causa do viés de queda de preços no mundo. "Vamos esperar os resultados referentes ao primeiro trimestre para ver se as empresas estão conseguindo repassar os aumentos já anunciados", diz Victor Penna, analista do BB Investimentos. O Bank of America Merill Lynch comentou ontem em relatório que as bobinas laminadas a quente nos EUA estão entre US$ 620 e US$ 640 por tonelada, perto do piso de 2013.
Mas, dadas as fortes quedas das ações, alguns analistas já veem o momento como interessante para acompanhar as ações mais de perto. Eles lembram que as siderúrgicas fizeram no ano passado um trabalho de eficiência, buscando reduzir custos, e recuperaram margens. Reis, do Santander, considera que os preços atuais de Usiminas e Gerdau já são interessantes. "Nestes níveis, quem tem paciência será bem recompensado", afirmou.
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