E-Jets da Embraer fazem 10 anos com desafio de se manter no topo

China, Japão e Rússia também querem um pedaço desse mercado, que deve movimentar cerca de US$ 300 bilhões nos próximos 20 anos, com a demanda de 6.400 novos aviões.

Em 8 de março de 2004, saíam da fábrica da Embraer, em São José dos Campos, os primeiros E-jets, entregues para a polonesa Lot e para a americana US Airways.

Mais de mil entregas depois, para 65 companhias aéreas em 45 países, a Embraer, líder no segmento, se prepara para enfrentar a chegada de novos concorrentes.

China, Japão e Rússia também querem um pedaço desse mercado, que deve movimentar cerca de US$ 300 bilhões nos próximos 20 anos, com a demanda de 6.400 novos aviões.

Depois da virada pós-privatização movida pelos modelos ERJ 135 e ERJ 145, de até 50 assentos, os E-Jets, como são conhecidos os quatro jatos das famílias 170/175 e 190/195, levaram a Embraer a um novo patamar de relevância na indústria aeronáutica global.

"Os jatos revolucionaram o segmento de 70 a 130 assentos, tanto em termos de performance do avião quanto de conforto de cabine", avalia o presidente da Embraer Aviação Comercial, Paulo Cesar de Souza e Silva.

Mas a chegada de novos concorrentes começa a mudar a cara do mercado.

Se antes a batalha era entre Embraer e a canadense Bombardier, hoje há mais quatro competidores no ar: os russos Sukhoi e Antonov, a japonesa Mitsubishi e a chinesa Comac.

Sem falar na própria Bombardier, que está finalizando o desenvolvimento de nova geração de jatos regionais maiores: o CS 100, que compete diretamente com o E 195, e o CS 300, que avança no mercado de Boeing e Airbus.

O projeto já foi adiado algumas vezes e a nova previsão é que o CS 100 chegará ao mercado ao final de 2015.

Os russos são os mais avançados. O Sukhoi entrou em serviço em 2011 e contabiliza 32 entregas. Já o Antonov entrou em operação no ano passado e tem entre seus clientes governos simpáticos à ex-União Soviética. A Cubana de Aviación opera com três An-158 e a Antonov negocia vendas para o governo boliviano.

China e Japão contabilizam mais de 300 encomendas cada um, mas o ARJ 21 da chinesa Comac não deve entrar em serviço antes do final deste ano, enquanto o Mitsubishi está previsto para 2017.


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A Embraer lidera com 62% das entregas de jatos de até 130 assentos e contabiliza 50% dos novos pedidos em carteira. "A diferença reflete os pedidos de empresas novas, que já estão vendendo, mas que ainda não começaram a entregar", diz Silva.

A arma da Embraer para enfrentar a concorrência é o E2, a nova geração dos E-Jets, projeto lançado no ano passado e que prevê investimentos de US$ 1,7 bilhão.

Para Silva, o E2 vai eliminar a vantagem que o novo CS 100 (Bombardier) tem sobre o velho E 195. "A nova geração será 16% mais eficiente em consumo de combustível e terá um custo por assento similar ao A320neo (nova geração do avião de um corredor da Airbus) e ao 737-Max (nova geração da Boeing)."

Além de motores de última geração, os E2 terão novas asas e novos sistemas eletrônicos na cabine.

A similaridade em termos de operação permitirá que, após um treinamento de dois dias, a tripulação esteja apta a voar com os equipamentos da velha e da nova geração.

Os primeiros E2 serão entregues em 2018 e a Embraer contabiliza 200 pedidos firmes e mais 200 reservas.

A Embraer faturou R$ 13,6 bilhões no ano passado. A aviação comercial responde por 52,7% desse total, a executiva é 26,8% das vendas e o segmento de Defesa, 19,1%. 


Por Mariana Barbosa/ Folha de S. Paulo