Autopeças de segurança terão imposto reduzido

Governo vai diminuir Imposto de Importação de produtos que não são fabricados no País, mas não pretende atender outros pedidos do setor.

Apesar do novo incentivo ao setor, o governo não deve atender pedidos mais amplos da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que possam resultar em perda de arrecadação. A secretária de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Heloísa Menezes, afirmou ao Estado que o governo não tem espaço fiscal para uma política de autopeças mais ampla ou para implementar os programas de estímulo às exportações e à produção de máquinas, como quer o setor automotivo. "Partindo do conceito de que tem renúncia fiscal, a pressa diminui", afirmou.

O anúncio do programa batizado de Inovar-Autopeças chegou a ser marcado para o segundo semestre de 2013, mas foi adiado. "Como desmarcamos aquele evento, estamos fazendo as coisas sem empacotar, sem criar um grande guarda-chuva", disse a secretária. O presidente da Anfavea, Luiz Moan, disse na semana passada que o lançamento do programa seria neste primeiro trimestre.
 
Treinamento
 
Heloísa disse que algumas medidas do Inovar-Autopeças já estão sendo implementadas, como o programa de desenvolvimento de fornecedores, que já funciona em sete Estados. "Pegamos montadoras, considerando-as âncoras, e estamos treinando fornecedores de pequenos portes para os requisitos técnicos." Segundo ela, a redução de Imposto de Importação de autopeças não é considerada desoneração e não entra no cálculo de renúncia fiscal por ser um tributo regulatório. A equipe econômica quer evitar o aumento do custo da produção das montadoras.
 
Para estimular a ampliação e modernização do setor de máquinas agrícolas e rodoviárias, a Anfavea propôs o Inovar Máquinas Autopropulsoras. Outra proposta de aumentar as exportações está sendo chamada de Exportar-Auto. As duas políticas levariam a uma nova perda de arrecadação do governo. Segundo a secretária, as medidas estão em estudo, mas não devem se transformar em um "pacotão".
 
A proposta do Inovar Máquinas prevê crédito de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as empresas que adquirirem mais autopeças e máquinas e equipamentos nacionais. O Exportar-Auto passa pela desoneração de impostos incidentes na produção, como o retorno do Reintegra, que devolvia às empresas 3% do valor exportado em manufaturados.
 
Interlocutores do setor automotivo admitem as dificuldades para que os pedidos sejam atendidos. Uma fonte, no entanto, disse que o setor continuará a pressionar o governo porque teme uma redução do mercado.
 
O agravamento da situação econômica na Argentina pode reduzir entre 100 mil e 120 mil unidades as exportações anuais de automóveis para o vizinho. A expectativa é que Buenos Aires volte a colocar mais barreiras às importações do País para melhorar o fluxo de divisas.
 
Isso tudo no momento em que as montadoras tiveram aumento de custo com a exigência de airbag e freios ABS para 100% dos veículos e não veem grandes perspectivas de crescimento. A entrada de novas empresas no Brasil, especialmente as asiáticas, aumentou a capacidade de produção do setor, mas o crescimento do mercado não foi da mesma magnitude.
 
Outro argumento usado para pressionar o governo é que a indústria de máquinas corre risco por causa da concorrência chinesa. O setor quer uma solução alternativa caso o Inovar Máquinas não seja aceito pelo governo. Além da questão fiscal, um dos problemas para a implementação do programa é o risco de o Brasil ser questionado pela Organização Mundial do Comércio (OMC). A redução de IPI pode ser considerada um subsídio ao setor.
 
Por Renata Veríssimo/ O Estado de S. Paulo