Os distribuidores de aços planos no Brasil esperam um crescimento de 4% nas vendas este ano, em um desempenho praticamente estável em relação ao fraco ano de 2013, informou a entidade que representa o setor, Inda, nesta terça-feira (21).
O setor, responsável por mais de 30% das vendas das usinas siderúrgicas do país, encerrou 2013 com alta de 4,3% nas vendas, para 4,54 milhões de toneladas, dentro da expectativa de crescimento de 3,7 a 4,5% no ano passado.
A previsão para este ano ocorre apesar de expectativas de redução das importações por conta do cenário de valorização do dólar contra o real e amparada em estimativas de baixo crescimento da economia, o que deve conter o consumo de aço no mercado interno.
Os distribuidores começaram o ano recebendo comunicados de reajustes das usinas siderúrgicas do país, na sequência de outros aumentos de preços ocorridos em 2013.
Segundo o presidente do Inda, Carlos Loureiro, os reajustes anunciados pelas usinas - Usiminas, CSN e ArcelorMittal - ficaram entre 6 a 7%. "Elas (usinas) anunciaram no início de janeiro e já implementaram. A rede (de distribuidores) conseguiu repassar aos clientes", disse ele a jornalistas.
Após o reajuste, a diferença nos preços entre o aço importado e o produzido no país continuou pequena. Chamada de "prêmio" pela indústria, esta diferença ficou entre 3 e 4 por cento, disse Loureiro, o que desestimula pedidos por material produzido no exterior.
O presidente do Inda comentou ainda que não espera novos reajustes para este trimestre, porém, ressalvou que se o dólar ampliar valorização contra o real, isso criará oportunidade para as usinas.
"Se o dólar descolar mais, definitivamente terá outro aumento (...) O setor está com estoque ajustado, o que dificulta" negociações com as usinas, disse.
Os distribuidores de aço encerraram dezembro com estoque de 1,05 milhão de toneladas, o suficiente para cerca de três meses de vendas. O volume representa um crescimento de 11,3% sobre o volume do final de 2012. Loureiro afirmou que espera que o setor termine este mês com inventário para 2,5 meses, número dentro da média histórica.
Além dos reajustes para os distribuidores, o presidente do Inda comentou que as usinas promoveram aumentos, também entre 6 e 7%, nos preços de aços vendidos a grandes clientes da indústria e que alguns acordos com montadoras de veículos já foram acertados, com reajustes de 12%. Ele não pôde dar mais detalhes.
Sobre as eleições deste ano, Loureiro afirmou que reformas econômicas necessárias estão sendo postergadas, o que pode dificultar o desempenho do país em 2015, ano em que ajustes terão de ser feitos.
"Se usou demais o dólar como ferramenta contra inflação e isso destroçou a capacidade produtiva da indústria, que vai levar anos para se recuperar", afirmou.
Por Alberto Alerigi Jr./ Reuters