O principal projeto alternativo à Zona Franca de Manaus emperra há dois anos no "custo Amazonas": entraves ambientais e falta de logística e de infraestrutura.
O plano do Polo Naval, complexo de portos e estaleiros às margens do rio Amazonas, está em elaboração desde o início de 2012 e visa instalar até 2030 um complexo anexo à zona franca. É o terceiro estudo desde 1994 — nenhum saiu do papel.
O objetivo, segundo o sindicato da indústria da construção naval do Estado, é usar uma área de quase 40 km² para gerar 11 mil empregos e movimentar R$ 20 bilhões ao ano — cerca de 25% da receita da zona franca em 2013.
O setor naval no Amazonas emprega 2.000 pessoas, tem 37 estaleiros de pequeno porte e frota de 50 mil barcos.
"Manaus tem a segunda indústria naval brasileira, atrás apenas da do Rio de Janeiro. Mas precisamos de logística, que é o nosso grande gargalo", diz o secretário de Planejamento, Airton Claudino.
Investidores estrangeiros já demonstraram interesse em atuar no local, mas esbarram na burocracia.
Um grupo de empresas americanas e sul-africanas, por exemplo, levou proposta de repassar US$ 1 bilhão imediatamente ao Estado para explorar uma área. Até hoje, não obteve resposta.
"Tem que ter critério [para conceder área a grupos estrangeiros]. Não se faz um polo naval sem a certeza de uma âncora, uma empresa forte", afirma o governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD).
O projeto está em fase de aprovações ambientais. Enquanto ele não avança, o governo luta pela prorrogação por mais 50 anos dos benefícios da zona franca, que terminam em 2023. A PEC que prorroga as medidas tramita na Câmara dos Deputados.
Por Lucas Reis/ Folha de São Paulo