Os importadores de máquinas-ferramenta e equipamentos industriais, que compõem o grupo dos chamados bens de capital, encerram 2013 com um volume de negócios em média 20% inferior à expectativa inicial. “Foi um ano muito difícil”, afirma Ennio Crispino, presidente da Abimei (Associação dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais). Com isto, o setor registra o segundo ano seguido de baixa na atividade e o quinto desde o chamado “boom” de 2008, cujos índices ainda não foram recuperados. “Só as empresas importadoras mais bem estruturadas e competitivamente mais capazes conseguiram ultrapassar 2013. Algumas sofreram queda de até 60% nas vendas”, diz o presidente da Abimei.
Os importadores que atuam junto aos setores de máquinas e implementos agrícolas e o rodoviário foram os únicos que experimentaram algum alívio este ano: ambos devem crescer entre 12% e 15%, segundo as suas entidades representativas. Já o setor automobilístico, que responde por cerca de 60% das importações de bens de capital, manteve-se estável, sem investimentos significativos em máquinas, apesar das expectativas geradas pelo programa Inovar-Auto.
“As montadoras anunciam a produção próxima de 4 milhões de veículos em 2013, praticamente o mesmo volume do ano anterior. Para dar conta desta demanda, as montadoras e a cadeia de autopeças já estavam preparadas, em termos de maquinário. Não houve praticamente investimento em máquinas novas”, declara Crispino.
Os importadores que fornecem para a indústria de linha branca e transformação de plástico também se mantiveram estáveis em 2012 e a chamada linha amarela teve “algum alento” devido ao Programa de Aceleração do Crescimento PAC 2, que irá distribuir retroescavadeiras, motoniveladoras e caminhões-caçamba para os cerca de 5 mil municípios com até 50 mil habitantes, o que representa 90% do país. O pior desempenho setorial, segundo o presidente da Abimei, veio da indústria de petróleo e gás. “Foi uma decepção”, declara Crispino. “A Petrobras interrompeu literalmente os investimentos, comprometendo o desempenho de toda a cadeia de fornecedores de máquinas e componentes. E o pré-sal continua sendo uma incógnita”.
Expectativas para 2014
O presidente da Abimei enxerga um cenário conturbado no ano que vem, devido ao que chama de “calendário atípico”. Será um ano com carnaval em março, Copa do Mundo no Brasil, eleições presidenciais e a coincidência de feriados com possibilidade de realização de pontes, ou seja, com muito menos dias úteis. “Difícil esperar um 2014 melhor do que 2013”, sentencia. O alento vem da decisão de multinacionais fabricantes de automóveis e de caminhões de inaugurar plantas no Brasil. Até o momento, 11 montadoras de carros e 7 de caminhões já anunciaram esta disposição. “Isto demonstra que as multinacionais do setor continuam acreditando no Brasil e estão dispostas a investir em máquinas industriais”, afirma Crispino.
Para o presidente da Abimei, o setor industrial brasileiro só será fortalecido quando o Governo realmente criar condições para um ambiente favorável ao crescimento do país. Isto passa, necessariamente, por investimentos em infraestrutura, reforma tributária, manutenção dos juros básicos abaixo de 2 dígitos, controle da inflação e câmbio estável – “tudo o que não tivemos em 2013”. Para ele, a boa notícia do ano foi a suspensão da lista de exceção da Tarifa Externa Comum do Mercosul (Letec), que vigorou de outubro de 2012 a setembro de 2013 e prejudicou a importação de vários bens de capital:
“Além de todo este cenário desfavorável, os importadores de centros de usinagem, escavadeiras e outros bens de capital ainda tiveram que enfrentar, em 2013, nove meses de alíquota majorada, de 14% para 25%. O próprio Governo reconheceu que não fazia sentido usar este instrumento e revogou a lista. Esperamos que nunca mais este tipo de medida, protecionista e contrária às necessidades de crescimento do país, volte a ser adotada”.