Economistas consultados pelo Banco Central elevaram a previsão para a taxa básica de juros no início de 2015 e já esperam que a Selic volte aos dois dígitos. A previsão é que os juros cheguem a 10% ao ano no primeiro mês de gestão do próximo governo, de acordo com a pesquisa Focus feita pelo BC. No entanto, um grupo menor de instituições - as de maior acerto, segundo o BC - já crê em Selic a dois dígitos neste ano.
Antes, para 2015, a mediana das estimativas era de 9,75% ao ano. A última vez em que o País teve juros de dois dígitos foi em março de 2012. Para alguns analistas, no entanto, os juros podem atingir o patamar de 10% ao ano, já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para a última semana de novembro. Isso porque, ao elevar os juros de 9% para 9,5% na semana passada, o comitê manteve o discurso que vem sendo adotado desde maio, quando passou a subir os juros a um ritmo de 0,50 ponto porcentual por reunião. Para o mercado, esse é um sinal de que está aberta a possibilidade de um novo aumento.
Na pesquisa Focus, o grupo de analistas com maior índice de acerto, por exemplo, já espera que os juros cheguem a 10% ao ano em novembro. Entre todos os economistas ouvidos, no entanto, a mediana das projeções segue em 9,75% ao ano. Ou seja: na média, o mercado espera uma elevação da Selic, mas de 0,25 ponto porcentual
O Banco Santander está entre as instituições que esperam redução no ritmo de alta. Nesta segunda-feira (14), o banco alterou a projeção para a taxa do final de 2013 de 9,50% para 9,75% ao ano. O Santander estima ainda mais um aumento da mesma magnitude em janeiro, para 10% ao ano.
"Contrariando nossas expectativas, o comunicado repetiu a linguagem usada nos últimos três encontros. Na nossa visão, o texto sugere que o ciclo de aperto deve continuar e, por conta disso, revisamos para cima nossaprojeção", avaliam os economistas do Santander.
O Itaú Unibanco também mantém a expectativa de um ajuste de 0,25 ponto nos juros em novembro. No entanto, avalia que, com a manutenção do comunicado, aumentou a probabilidade do ciclo de aperto se prolongar para além de 10%.
Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse, disse à Agência Estado esperar que a Selic chegue aos dois dígitos já em novembro e permaneça nesse nível até o fim de 2014. Ele não descarta, no entanto, altas adicionais de juros em 2014.
Em seus comunicados, o BC vem repetindo que as decisões sobre os juros contribuirão "para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano".