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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, indicou ontem (9) a economista Janet Yellen para substituir Ben Bernanke na presidência do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, a partir de 2014. A escolha da primeira mulher para comandar a política monetária dos EUA, que ainda precisa ser ratificada pelo Senado, foi recebida com alívio por países emergentes, já que ela é vista como favorável à atual política expansionista do organismo, que deve manter por mais tempo.
Os mercados reagiram bem à indicação. Em Nova York, o índice Dow Jones, que mede a variação das principais ações, subiu 0,18%. A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) fechou em alta de 0,45%, aos 52.547 pontos. “O Brasil ganha mais tempo para estabelecer uma política de juros mais baixos, já que o BC ainda trabalha com viés de alta. Yellen não deve elevar as taxas norte-americanas, pelo menos até 2015 ou 2016”, avaliou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
A indicação de Yellen já era esperada pelo mercado desde que seu concorrente, Lawrence Summers, principal assessor econômico de Obama, retirou a candidatura, no mês passado. Ex-secretário do Tesouro, Summers é considerado mais ortodoxo em economia e visto como machista, por ter feito, há alguns anos, declarações preconceituosas sobre a presença das mulheres na vida política.
Ao formalizar a indicação, Obama disse que Yellen é um modelo para outras mulheres, ressaltou o combate ao desemprego como um dos principais desafios e lembrou que a economista foi uma das primeiras a alertar sobre a crise imobiliária iminente, ainda em 2007, antes de a bolha estourar, em 2008. “Ela não tem bola de cristal, mas uma profunda compreensão sobre como os mercados e a economia vão se comportar”, disse o presidente, que agradeceu Bernanke, cujo mandato acaba em 31 de janeiro de 2014, pelo trabalho no Fed.
Emprego
O histórico de Janet Yellen sugere que tentará manter, por tanto tempo quanto possível, as compras de US$ 85 bilhões em títulos que vêm garantindo liquidez à economia. “Embora tenhamos feito progressos, temos de ir mais longe”, disse ela, após ser indicada. “Muitos americanos ainda não conseguem emprego, e temos que nos preocupar sobre como eles vão pagar suas contas e sustentar suas famílias. O Fed pode ajudar, se fizer seu trabalho de forma eficaz”, afirmou.
Ex-conselheira econômica de Bill Clinton, a economista tem 67 anos e ocupava a vice-presidência do Fed desde 2010. Passou mais de 12 anos em postos de decisão de política monetária e é vista como mais preocupada com o desemprego do que com a inflação.
Fuga de capitais
Os países emergentes podem enfrentar uma fuga abrupta e expressiva de capitais, advertiu ontem o Fundo Monetário Internacional, em documento que analisa os impactos da mudança da política monetária e o agravamento do impasse fiscal nos Estados Unidos país. O Relatório de Estabilidade Financeira afirma que o fracasso dos EUA em elevar o teto da dívida pode trazer consequências graves para o sistema financeiro do país e do mundo.
Por Simone Kafruni/ Correio Braziliense
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