Principais prejudicados pela decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, de reduzir os estímulos dados à maior economia do planeta, os integrantes do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — devem bater o martelo em torno da criação de fundo de reservas internacionais, que os proteja em tempos de crise. O tema dominará o encontro de hoje de líderes dessas nações, dentro da reunião de Cúpula do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do planeta.
A expectativa de representantes do governo brasileiro é de que o fundo acumule um patrimônio próximo de US$ 100 bilhões. Esses recursos poderão ser usados em momentos de escassez de crédito no mercado internacional. Há o temor entre os líderes do Brics de que, com a alta dos juros nos EUA, por conta da mudança da política monetária do Fed, que a maior parte do dinheiro que circula atualmente pelo globo acabe sendo direcionada para a economia norte-americana e para a Europa, que, finalmente, está saindo da recessão. As moedas dos países do Brics perderam muito valor nos últimos meses, diante do anúncio de que o Federal Reserve mudará sua estratégia de atuação.
O clima é de tensão em São Petersburgo, que foi blindada com medidas excepcionais de segurança para receber os líderes do G20, reunidos hoje (5) e amanhã (6). A Rússia, que preside o grupo neste ano, receberá os governantes no Palácio Constantino, em Strelna, 15 km a sudoeste da antiga capital imperial russa. Um dos dois terminais do aeroporto Polkovo de São Petersburgo foi fechado ao tráfego durante os dois dias e ficará reservado para as delegações oficiais.
Pela mesma razão, uma das principais atrações turísticas da cidade, a residência de Peterhof, famoso palácio russo, permanecerá fechada. A área em torno do Palácio de Constantino foi transformada em ilha inexpugnável. Desde 22 de agosto, os moradores das proximidades precisam de uma permissão especial para atravessar os postos de controle. "Estamos em guerra", disse Tatiana Fiodorova, uma moradora de Strelna. "Estamos ansiosos para que este pesadelo acabe. A cúpula é para os grandes líderes, não para as pessoas comuns", declarou Marina Filipova, que também vive na região.
As delegações oficiais e os jornalistas só têm acesso ao palácio pelo Golfo da Finlândia por barco. Em contrapartida, os chefes de Estado dispõem de cerca de 20 pavilhões de luxo ao redor do palácio que carrega o nome de Constantino Pavlovitch, filho do czar Paulo I, que se tornou proprietário desses lugares em 1797. "A cidade está 100% pronta para a cúpula", garantiu o governador regional, Georgy Poltavtchenko.
Gastos de US$ 60 milhões
São Petersburgo, que atrai turistas pela sua arquitetura, já recebeu várias cúpulas, principalmente após a chegada ao poder, em 2000, de Vladimir Putin, nascido na antiga capital imperial. Todo mês de junho é realizado um fórum econômico que atrai empresários e líderes do mundo. "Se tivéssemos feito a cúpula em outro lugar, o gasto seria maior", disse o chefe da administração presidencial, Sergei Ivanov. A preparação do G20 custou 2 bilhões de rublos (US$ 60 milhões).