O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (26/08) que o país atravessa uma "minicrise" cambial, mas ressaltou que as turbulências passarão quando ficar claro se os Estados Unidos retirarão finalmente os estímulos a sua economia.
"Estamos vivendo uma minicrise, que terá um impacto mínimo, porque a economia brasileira segue sólida e a economia mundial está em recuperação", declarou Mantega em um evento com empresários do Lide, em São Paulo.
Segundo o ministro, as pressões sobre o real, que até agora neste ano se desvalorizou 15% em relação ao dólar, obedecem aos temores sobre o possível fim dos estímulos à economia americana. "Quando o Federal Reserve (Fed, banco central americano) começar de fato a retirar os estímulos, o mercado se acalmará", previu Mantega.
Segundo o ministro, é necessário "esperar a poeira baixar" e, enquanto isso, o Brasil usará "todos seus recursos para combater a volatilidade do câmbio".
Mantega atrelou o fato de o país ter sido palco de mobilizações populares que viraram assunto mundial com a causa de um descontentamento na população e em investidores internacionais. Os protestos democráticos, segundo ele, são aceitáveis e continuam acontecendo "dentro da normalidade", mas as manifestações violentas precisam ser contidas.
Ainda assim, o ministro garantiu que a situação foi passageira e está sob o controle do governo, que tem o desafio de melhorar expectativas e "diminuir o mau humor que se formou neste período".
Para Mantega, setores como indústria e agricultura, que mais cresceram no primeiro trimestre de 2013, e a taxa de desemprego se mantendo controlada no país, podem ser citados como fatores de retomada da confiança da população e, principalmente, dos investidores.
Somado aos impostos, o ministro afirmou que o controle da inflação, o aumento do poder de compra e o leve aumento de crédito irão aquecer a economia brasileira diante da alta do dólar e da flutuação cambial. "Nós queremos rentabilidade elevada para atrair investidores", comentou o ministro, se explicando sobre as políticas de desvalorização do real adotadas em 2012.
Segundo ele, desvalorizar o real foi uma estratégia "gradual" para não desestabilizar outros setores da economia nacional, mas impulsionar a concorrência entre empresas investidoras para o mercado brasileiro.
Na semana passada, o Banco Central do Brasil iniciou uma série de fortes intervenções no mercado cambial, que se manterão pelo menos até o fim do ano e por meio da quais se propõe a injetar até US$ 500 milhões por dia, a fim de escorar o real.
Esse anúncio, feito na quinta-feira passada, teve seu primeiro impacto no dia seguinte, quando a moeda nacional teve forte valorização de 3,23% em relação ao dólar, que fechou a semana negociado a R$ 2,353 para a venda.
No entanto, parte dessa recuperação se evaporou hoje, quando o real caiu 1,31% em relação à moeda americana, que concluiu a jornada cotada a R$ 2,384.