A desaceleração do custo de vida em julho, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu apenas 0,03%, foi “o melhor momento da inflação” em 2013, que, daqui para a frente terá aumentos mensais bem mais elevados. O alerta é do diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton, que, nesta segunda-feira (12), em Belém (PA), voltou a cobrar empenho do governo para reduzir os gastos públicos e, com isso, diminuir a pressão que eles exercem sobre o consumo das famílias e das empresas — e, em consequência, sobre a carestia.
O IPCA acumulado em 12 meses, no entanto, deve mostrar redução, segundo Hamilton. Até julho, o índice registrava alta de 6,27%, mas esse número já chegou a ser de 6,7%. A queda se deve a bases menores de comparação. Como os resultados que mais pressionaram a inflação se deram no fim de 2012, a cada nova divulgação mensal do IPCA, o período vai sendo atualizado por medições menos intensas, o que derruba a comparação acumulada.
Queda na produção
O governo aposta que, até o fim de 2013, o índice vai cair abaixo dos 5,84% registrados em 2012. Para isso, o BC vai continuar elevando a taxa de referência da economia, a Selic. Desde abril, ela já subiu de 7,25% para 8,5% ao ano. O mercado financeiro aposta em uma nova alta, de 0,5 ponto, no fim deste mês. De acordo com o Boletim Focus também divulgado ontem pelo BC, a previsão do mercado para o IPCA deste ano apresentou leve recuo, de 5,75% para 5,74%. Para os juros, a estimativa se manteve em 9,25% ao ano.
A elevação da Selic, no entanto, pode prejudicar ainda mais o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). Entre março e maio, segundo dados apresentados ontem pelo BC, duas das cinco regiões do país — Norte e Sudeste — registraram queda na produção, de 0,6% e 0,3%, respectivamente. De acordo com a Focus, o mercado diminuiu de 2,24% para 2,21% a previsão de crescimento do país neste ano.
Por Deco Bancillon/ Correio Braziliense