O balneário de Canasvieiras, no norte da ilha de Santa Catarina, é um dos mais movimentados destinos turísticos da capital catarinense no verão, mas com o fim da alta temporada, a situação muda. Hotéis, pousadas e imóveis de aluguel ficam vazios. Esse cenário de ocupação sazonal pode se transformar em alguns anos com a implantação do Florip@21, projeto que tem a ambiciosa meta de fazer do bairro e seu entorno a primeira "região inteligente" do Brasil. O iniciativa é parceria da prefeitura com o ÁgoraLab, um laboratório multi-institucional de produção e compartilhamento de conhecimento sobre cidades inteligentes. Uma das primeiras medidas será a atração de pesquisadores brasileiros e estrangeiros para uma pós-graduação residente em inovação.
"Muitos aspectos das cidades inteligentes são uma resposta ao que os manifestantes estão pedindo nas ruas", diz o diretor do ÁgoraLab, Eduardo Moreira da Costa. A proposta do Florip@21 é desenvolver experimentos integrados de melhoria da qualidade de vida em várias dimensões - educação, mobilidade, governança transparente, ambiente e urbanismo - para fomentar sua replicação em outros contextos. Uma área de 10 milhões de m2 onde vivem 50 mil pessoas - o dobro no verão - será o campo desse laboratório vivo. O ponto focal é o Sapiens Parque, parque de inovação tecnológica localizado em um terreno de 4,3 milhões de m2, onde se estima que surgirão 27 mil empregos diretos e 33 mil indiretos em uma década.
Em agosto vai ser lançado um curso de pós-graduação em inovação, com cem vagas para 2014 e previsão de matricular até mil alunos no prazo de três anos. A intenção é trazer à capital catarinense jovens recém-formados para um período de residência: o estudante vai morar, trabalhar e se divertir no entorno do Sapiens Parque, enquanto contribui com o desenvolvimento do projeto. Parcerias com o Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), EUA, e com a Universidade Aalto, de Helsinque, Finlândia, vão assegurar o contato dos pós-graduandos com o "estado da arte" das cidades inteligentes nos Estados Unidos e na Europa.
Entre as medidas imaginadas para fazer o projeto decolar está a implantação de soluções de mobilidade inteligente. "Vamos propor transporte de massa do aeroporto ao Sapiens Parque, com ônibus articulados passando pelas universidades e pelos outros centros tecnológicos da cidade", diz Costa.
No parque, os prédios serão ligados por ciclovias cobertas. Também está em estudo a adoção de táxis elétricos, e a ligação com o centro e outras cidades por transporte marítimo. "Hoje Canasvieiras é a porta dos fundos de Florianópolis e pretendemos transformá-la em porta de entrada", diz.
Por Dauro Veras/ Valor Econômico