A "luz amarela" acendeu para a economia brasileira. Sem poder contar com uma robusta demanda externa por produtos básicos, como ocorreu de 2005 a 2008, nem ter a força dos estímulos ao consumo interno, que ajudou em 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescerá em torno de 2% neste ano na comparação com 2012. Caso reformas estruturais não sejam feitas, a economia do país terá crescimento médio anual de 3,2% no período 2014-2018. A avaliação é de economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e do The Conference Board, instituição global que realiza pesquisas e seminários sobre negócios.
O economista-chefe e vice-presidente-executivo do The Conference Board, BartVan Ark, diz que, para aumentar o ritmo de crescimento e destravar sua economia, o Brasil precisará realizar três reformas básicas, em infraestrutura, mercado de trabalho e tributos.
"O país precisa aumentar os investimentos, especialmente, em infraestrutura publica", afirma ele, acrescentando que o Brasil precisa "flexibilizar" e "dar mais liberdade" ao mercado de trabalho, de forma a facilitar a contratação e a demissão de funcionários. "A estrutura tributária do país também é muito complexa, o que dificulta o investimento privado, sobretudo, os estrangeiros, que se queixam dessas questões", completa Van Ark.
O economista Paulo Picchetti, do Ibre/FGV, concorda e diz que os investimentos são a única maneira de tomar o crescimento do país sustentado. Ele afirma que, de 2005 a 2008, o Brasil beneficiou-se da conjuntura internacional favorável, com a forte demanda por produtos brasileiros. Durante a crise mundial, diz o economista da FGV, o país optou por incentivar o consumo interno, por meio de desonerações fiscais e do aumento do gasto público.
"Só que o ciclo de consumo se esgotou. O setor externo está em processo lento de recuperação e o governo não pode aumentar os gastos, ponto crítico hoje. O único caminho que sobrou para o Brasil crescer é por meio dos investimentos", sugere Picchetti. Para aumentar os investimentos, ele pondera que é necessário gerar condições para o empresário investir. "O país precisa fazer reformas, como melhorar a infraestrutura", disse.
A FGV e a The Conference Board lançaram nesta quarta-feira (17), no Rio, o Indicador Antecedente Composto da Economia (IACE) e o Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE), que já são usados em outros países. O objetivo é que, juntos, os índices demarquem os ciclos da atividade e antecipem a dinâmica econômica. "O desafio é caracterizar o ciclo econômico. Uma vez caracterizados os ciclos, a ideia é antecipar o que pode vir a acontecer na economia", explicou Picchetti.
Os dois indicadores replicam a combinação de uma série de dados de pesquisas, como os de produção industrial e do emprego, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os das sondagens, da FGV, a taxa referencial de swaps Dl pré-fixada -360 dias, entre outros.
Picchetti explica que esses dados foram levantados desde 1996 e que o IACE apresentou mudanças na trajetória da economia com dois ou quatro meses de antecedência. Em alguns casos, a antecedência foi de um mês.
Por Diogo Martins/ Valor Econômico