Dentro da estratégia de diversificar as fontes de captação, o Banco Volkswagen, ligado à montadora alemã, pretende ampliar a proporção de recursos levantados de investidores no mercado de capitais brasileiro. O objetivo é contar com até um terço do funding em instrumentos de captação no mercado de capitais em um prazo de cinco anos.
A instituição acaba de fechar uma emissão de R$ 500 milhões em letras financeiras, títulos de dívida com características semelhantes a debêntures de empresas. Trata-se da segunda captação do tipo feita pelo banco, que estreou nesse mercado com uma oferta de R$ 300 milhões no ano passado.
O Banco Volks fechou abril com um total de R$ 21 bilhões em captações, incluindo as linhas do Finame. Sem considerar o programa de financiamento de máquinas e equipamentos do BNDES, o funding do Banco Volks ficou em R$ 12,6 bilhões, dos quais 5% se referem a emissões de letras financeiras. Com a operação fechada na semana passada, essa proporção deve aumentar.
A primeira emissão pública de letras do banco foi realizada no ano passado, no valor de R$ 300 milhões, com rendimento ao investidor de 107,3% da taxa do depósito interfinanceiro (DI), que acompanha a Selic.
Na nova oferta, a instituição obteve uma taxa ainda menor, de 106,8% do CDI, mesmo com a piora recente nos mercados. A demanda pelos papéis chegou a R$ 994 milhões, praticamente o dobro da emissão, segundo o diretor executivo e financeiro do Banco Volkswagen, Rafael Teixeira.
Ambas as captações de letras do banco foram realizadas por meio da Instrução nº 476 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que dispensa o registro prévio na autarquia, desde que a participação seja limitada a até 20 investidores.
Apesar das restrições, o banco conseguiu ampliar a base de investidores, de acordo com o executivo. "Foram nove investidores novos em relação à emissão do ano passado", afirma Teixeira. Entre os compradores dos papéis emitidos na semana passada estão principalmente gestoras de fundos de investimento e seguradoras, de acordo com o executivo. A operação foi coordenada pelos bancos HSBC e Citibank.
Além das emissões de letras financeiras, a instituição pretende ampliar as chamadas operações de securitização, de acordo com Herbert de Souza, gerente de tesouraria do banco. No ano passado, o Banco Volks levantou R$ 1 bilhão com a venda de créditos para um fundo de recebíveis, também conhecidos pela sigla Fidc.
A principal fonte de recursos da instituição ainda é o mercado interbancário, com 26% do funding total em abril, à frente dos depósitos (CDBs) e do capital próprio. Os empréstimos entre o Grupo Volkswagen também representam uma parcela importante, com 16% das captações.
No mercado, a expectativa é que o banco faça uma nova rodada de emissão do fundo de recebíveis, também no valor de R$ 1 bilhão. Questionados, os executivos preferiram não comentar o assunto. Teixeira diz apenas que as próximas captações dependerão do curso de negócios da instituição.
A carteira de crédito do Banco Volks atingiu R$ 22,1 bilhões no primeiro trimestre deste ano, uma alta de 5% em relação a março de 2012. O desempenho está um pouco abaixo da média do mercado de financiamentos de veículos, que cresceu 5,5% no período. Nos três primeiros meses do ano, porém, o resultado do banco é melhor, com uma alta de 3% nas concessões, ante uma queda de 0,2% do segmento, conforme dados do Banco Central.
Por Vinícius Pinheiro/ Valor Econômico