A melhora na atividade industrial sinalizada nesta terça-feira (21) pela prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI) de maio foi concentrada na manufatura de bens intermediários, como máquinas industriais e autopeças, afirmou superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Aloisio Campelo. Segundo ele, as outras categorias de uso da indústria de transformação, como bens de capital, duráveis, e material de construção, não apresentaram cenário de expansão em maio.
O Índice de Confiança da Indústria cresceu 1,1% na leitura preliminar de maio, ante o resultado final de abril. Essa alta foi puxada pelo Índice da Situação Atual (ISA), que avançou 2,8% na prévia (após três quedas consecutivas), para 106,4 pontos, o maior nível desde janeiro. Já o Índice de Expectativas (IE) registrou queda de 0,6%, ao passar para 104,3 pontos, menor nível desde novembro do ano passado. Esse indicador cedeu pelo terceiro mês consecutivo.
Campelo lembrou que, no início do ano, a indústria de bens de capital começou a dar sinais de melhora, em detrimento do segmento de duráveis, cujo nível de atividade começou a decair. "No primeiro trimestre de 2012, era justamente o contrário: bens duráveis impulsionavam a indústria, enquanto bens de capital mostravam menor ritmo de atividade", observou.
Entretanto, em maio desse ano a indústria de bens de capital deixou de mostrar sinais de melhora significativa. Ao mesmo tempo, a indústria de duráveis não mostrou reação expressiva em produção - enquanto material de construção ficou praticamente com os mesmos níveis. "Não temos elementos suficientes para justificar o atual ambiente benéfico nos intermediários", afirmou Campelo. "Mas podemos dizer que uma retomada da indústria só poderá ser iniciada com uma reação mais disseminada em todas as categorias de uso. E isso não aconteceu ainda", avaliou.
O especialista disse que a reação na atividade de bens de capital foi um fator positivo no início do ano porque a melhora nesse segmento reflete maior interesse em novos investimentos, por parte dos empresários. No entanto, essa melhora não se refletiu nos meses posteriores. "A indústria continua com ritmo de atividade muito volátil", afirmou, acrescentando que os estímulos criados pelo governo, pelo menos até o momento, não causaram recuperação sustentável na atividade industrial brasileira.