Com a decisão do governo de seguir com as alíquotas reduzidas para o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis, as montadoras mantêm a previsão de um crescimento de 4,5% na produção este ano, para números recordes próximos a 3,5 milhões de veículos.
O volume corria riscos de não ser atingido, em razão de uma provável queda nas vendas. "Se a alíquota de IPI não fosse mantida, dificilmente a meta seria atingida", disse na segunda-feira o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. Ele também manteve projeções de alta de 3,5% a 4,5% para as vendas internas, previstas em mais de 3,9 milhões de unidades, somando carros importados.
A manutenção das alíquotas do IPI começa a ter reflexos nas tabelas das montadoras. Nesta terça-feira (02), a coreana Hyundai anunciou que o novo carro da marca produzido em Piracicaba (SP), o sedan HB20S - que começará a ser vendido dia 20 - custará menos que o anunciado em março, quando foi apresentado à imprensa.
Na ocasião, a Hyundai divulgou preços já incluindo a alta do IPI em 1º de abril. Com a mudança, os valores foram revistos. A versão mais barata do HB20S, com motor 1.0, será vendida por R$ 38.995. O preço anterior era de R$ 39.495, ou R$ 500 a mais.
Para a versão 1.6, o preço ficou R$ 1 mil menor - R$ 47.095. Na configuração mais completa, com vários itens, o preço caiu R$ 1,2 mil, para R$ 52.795.
Outra marca que anunciou ontem redução de preços de quatro modelos foi a japonesa Toyota, mas por questões de concorrência. O compacto Etios ficou R$ 1.490 mais barato na versão de entrada (R$ 29,1 mil) e R$ 2.690 na versão top (R$ 36.900).
Inflação. A intenção do governo em deixar a volta do IPI integral para 2014 também é conter a alta da inflação. Segundo analistas, o impacto isolado da medida poderá ser de um alívio de até 0,16 ponto porcentual no índice de Preços ao Consumidor Amplo (IP GA).
O carro com motor 1.0, por exemplo, teria o IPI ampliado de 2% para 3,5% neste mês. Modelos flex até 2.0 teriam a alíquota elevada de 7% para 9% e aqueles à gasolina de 8% para 10%.
Pelas contas de Fábio Romão, da LGA Consultores, o impacto da não elevação do imposto no IPCA será de 0,05 ponto porcentual. Já o economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, calcula que o impacto será de 0,10 a 0,15 ponto porcentual.
Na Tendências Consultoria, as economistas Alessandra Ribeiro e Adriana Molinari esperavam que a alta do IPI geraria um impacto de 0,05 ponto porcentual no IPCA de abril e que a elevação do tributo para 7% em julho exerceria acréscimo de 0,11 ponto na inflação distribuído por julho, agosto e setembro.
Apesar desse pequeno impacto dos carros, as três consultorias mantêm projeções para a inflação de 2013 em porcentuais que vão de 5,3% a 5,9%. Colaborou Francisco Carlos de Assis
Por Cleide Silva/ O Estado de S. Paulo