Nem as medidas de estímulo do governo à economia como as desonerações bilionárias de tributos livraram o país de registrar um crescimento econômico de apenas 0,9% em 2012 - inferior aos 2,7% de 2011 e o menor desde 2009 (quando houve queda de 0,3%).
Em valores, o PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas no país) somou R$ 4,4 trilhões no ano passado.
Porém, no último trimestre do ano, a economia esboçou uma reação e avançou 0,6% em relação ao terceiro trimestre, acima da taxa de 0,4% do período de junho a setembro na comparação com ajuste sazonal (livre dos efeitos típicos de cada período). Em relação ao mesmo período de 2011, o PIB subiu 1,4%, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (1º).
Sob impacto da crise externa e da menor confiança de empresários diante de um cenário de incertezas, a indústria foi castigada. Seu PIB caiu 0,8% em 2012. Houve crescimento de 0,4% do terceiro para o quarto trimestre. Já em relação ao mesmo período de 2011, a taxa foi positiva em 0,1%.
Tal cenário rebateu, do lado da demanda, os investimentos, medidos pela chamada formação bruta de capital fixo (investimentos em construção civil, máquinas e equipamentos e louvaras e matrizes de rebanhos). O tombo foi de 4% no ano e de 4,5% na comparação com o mesmo período de 2011. Do terceiro para o quarto trimestre, houve alta de 0,5%.
Serviços, consumo, agropecuária
Sustentado pelo consumo doméstico, o setor de serviços, o de maior peso na economia, salvou o país de um resultado negativo para o PIB em 2012. Seu crescimento foi de 1,7% em 2012 e de 2,2% no quarto trimestre, quando comparado com igual período de 2011. Em relação ao terceiro trimestre, houve alta de 1,1%.
Graças à renda em expansão e o mercado de trabalho praticamente imune à crise (a taxa de desemprego foi a menor desde 2003, início da série do IBGE), o consumo das famílias cresceu 3,1% em 2012. A alta ficou em 1,2% do terceiro para o quarto trimestre. Na comparação com igual período de 2011, houve avanço de 1,2%.
Ainda pelo lado da demanda, o consumo do governo também ajudou a impulsionar a economia, num ano em que a União ampliou gastos e serviços. Em 2012, a expansão foi de 3,2%. Do terceiro para o quarto trimestre, 0,8%. Em relação ao último trimestre de 2011, o avanço foi de 3,1%.
Já a agropecuária caiu 2,3% em 2012. A queda do setor, de menor peso no PIB, foi de 7,5% na comparação com o mesmo período de 2011. Em relação ao terceiro trimestre, o recuo ficou em 5,2%.
Setor externo
Diante da crise global que atingiu mais a Europa, grande parceiro comercial do Brasil, as exportações cresceram apenas 0,5%, numa taxa inferior à do PIB.
Já as importações (que contribuem negativamente para o PIB, pois retraram uma produção de bens e serviços realizada em outros países) também tiveram crescimento modesto: 0,2%.
Do terceiro para o quarto trimestre, houve expansão mais acelerada tanto de importações (8,1%) como de exportações (4,5%), num sinal de retomada da atividade econômica.
Projeções
O resultado ficou abaixo do estimado pelo Banco Central. Seu indicador IBC-BR, usado para mensurar mensalmente o desempenho da economia, apontava uma alta de 1,6% do PIB no ano passado.
Consultorias, porém, mostravam-se menos otimistas e sinalizavam para uma taxa ao redor de 1%.
Por Pedro Soares/ Folha de S. Paulo