O empresário Gilson Trennepohl, do Rio Grande do Sul, tinha duas opções quando tentava ampliar a atuação de sua indústria de máquinas agrícolas Stara na Argentina: aceitar o "uno por uno" ou cancelar as operações no país vizinho. Optou pela segunda alternativa.
A Stara já tinha um terreno pronto para a construção de uma fábrica na província de Córdoba. Diante do risco de não ter insumos suficientes para a produção na Argentina devido às restrições de importação, suspendeu todo o projeto e os negócios no país no fim de 2012.
A Stara importa componentes da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos para suas máquinas e a Argentina não teria condições de fornecer todas as peças.
Outra indústria brasileira, o grupo
Hübner, do Paraná, também viveu consequências da tática argentina. Mas não de maneira direta.
A empresa vende motores e autopeças ao país de Cristina Kirchner. Mas quem teve que firmar um acordo para compensar o governo foi o importador argentino que adquiria as peças do Brasil.
O diretor do Hübner Ermelindo Gomes afirma que a situação foi resolvida por meio de um artifício: o importador se aliou a uma empresa que exportava para o Brasil e conseguiu obter o aval para trazer os produtos de fora. "É uma brecha que se criou. Seria como eu pedir para o meu vizinho exportar para mim", diz.