O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), apurado e usado pela autoridade monetária para antecipar a tendência do Produto Interno Bruto (PIB), indica que a economia brasileira cresceu somente 1,64% em 2012, na série sem ajuste sazonal.
O número foi divulgado hoje (20) pelo BC. Na versão com ajuste sazonal, o IBC-Br aponta elevação de 1,35% no nível da atividade econômica no ano passado.
Em dezembro especificamente, o índice subiu 0,26% ante novembro na versão com ajuste sazonal, considerada a mais relevante no caso de variações mensais. Isso indica que o nível de atividade entrou o último mês do ano perdendo ritmo, pois para novembro a mesma série aponta aumento de 0,56% (dado revisado).
Sem a exclusão de fatores sazonais, o índice caiu 2,28% no último mês de 2012, queda um pouco mais acentuada que a de novembro (-2,25%).
Na pesquisa entre as nove consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, as projeções para o aumento do IBC-Br em 2012 ficaram entre 1,3% e 1,7%, com média de 1,6%.
Para o mês de dezembro, as projeções colhidas pelo Valor Data indicavam o IBC-Br subindo entre 0,2% e 0,4%, com ajuste sazonal. Na média, esperava-se elevação de 0,3%, muito próximo, portanto, do que foi apurado pelo BC na série com ajustes sazonais para o mês.
Dezembro mais fraco
O IBC-Br acusa uma desaceleração da economia brasileira no último trimestre de 2012, ante o trimestre anterior. Na série com ajuste sazonal, mais adequada para comparações de períodos diferentes do ano, o IBC-BR subiu apenas 0,62% do terceiro para o quarto trimestre.
Esse valor é menor que a elevação verificada do segundo para o terceiro quarto do ano, quando o indicador aumentou 1,11%, segundo dados revisados disponibilizados hoje pela autoridade monetária.
A perda de ritmo vem após dois trimestres de aceleração do índice que, depois de subir 0,29% no período janeiro/março de 2012, aumentou 0,58% no segundo trimestre, em relação aos respectivos anteriores.
Comparativamente a igual período de 2011, no entanto, o IBC-BR registrou incremento de 2,65% no último trimestre de 2012, ainda na série com ajuste sazonal. Sem os ajustes relativos a fatores sazonais, a mesma comparação aponta crescimento ainda maior, de 2,97%.
Influência nos juros
Os números do IBC-Br estão no centro das atenções do mercado nesta quarta-feira (20), já que reforçam a sinalização de que a economia terminou 2012 em ritmo mais fraco do que o esperado.
Tal interpretação pode esfriar, em parte, as perspectivas de que o BC eleve os juros no curto prazo, como passou a ser cogitado por agentes de mercado após declarações recentes de autoridades mostrando desconforto com a atual tendência para a inflação.
Ontem (19), em solenidade pública na sede do BC, o presidente Alexandre Tombini reiterou palavras ditas recentemente e deu novas senhas para deixar aberta a porta de uma alta moderada na taxa básica de juros (Selic).
"Gostaria de deixar bem claro que não existe hoje no país risco de descontrole da inflação"; "O Banco Central tem comunicado sua estratégia, que permanece válida neste momento"; "Isso evidentemente não significa que os ciclos monetários foram abolidos"
Em 2010 e 2011, o cálculo do índice do BC mostrou boa aderência ao PIB. O produto cresceu 7,5% e 2,7%, respectivamente, ante IBC-Br de 7,78% e 2,7%, respectivamente, os números divulgados na ocasião.
O índice leva em conta as atividades da indústria, agropecuária e do setor de comércio e serviços.
Por Mônica Izaguirre/ Valor Econômico