por Lais Rodrigues    |   04/05/2021

Programa de diversidade: é preciso preparar a casa antes

Muito tem se falado sobre diversidade e inclusão nas empresas. As mais sensíveis já entenderam que ter uma postura de abertura para o tema se tornou essencial e ignorar o assunto é um risco.  Pelo contrário, se antecipam e buscam aprender quais benefícios a diversidade pode lhes trazer e refletem esses conceitos em suas próprias organizações, por meio de programas bem estruturados e formação de seus colaboradores. 

A primeira vantagem para uma empresa que recebe profissionais pertencentes a algum grupo de diversidade se refere à própria imagem, pois ela passa a ser vista como uma organização que respeita, valoriza as diferentes realidades dos indivíduos e, o mais importante, promove espaço de fala para que estes se reconheçam em cada ação praticada e se identifiquem com elas, independentemente do gênero, sexo, idade, religião ou mesmo da localidade a qual pertença.

Além disso, uma equipe diversa traz melhores resultados. Ela conta com representantes de diferentes grupos sociais, com pontos de vista que se complementam para resolver problemas do dia a dia, e com pessoas estimuladas a dar o seu melhor, pois trabalham em um local onde se sentem bem. Criatividade e inovação também estão entre os ganhos observados, segundo aponta o estudo “Fomentando a inovação por meio de uma equipe de trabalho diversificada”, realizado pela revista Forbes. 

A diversidade é também um fator chave de sucesso para o crescimento em escala global. Se considerarmos os impactos trazidos pela pandemia referentes à contratação de pessoas independentemente de onde estão localizadas, devido ao advento do trabalho remoto, a diversificação cultural é uma nova realidade que se apresenta a muitas empresas, especialmente às que atuam no segmento de tecnologia, por exemplo. Esse cenário traz ganhos, mas cria necessidades de adaptação da organização para receber esse novo público com costumes, religiões, sotaques regionais entre tantas outras especificidades. 


Continua depois da publicidade


Quando as vantagens estão claras e a empresa assume que é hora de diversificar o perfil de seus colaboradores, começa um segundo passo em direção a adoção de um programa. Não basta o time de recrutamento realizar processos seletivos convocando pessoas pertencentes a grupos LGBTQIA+, pessoas pretas, mulheres ou com idade acima de 50 anos? Não, não basta. É preciso preparar a casa antes de iniciar esse tipo de contratação para que, quando as pessoas entrarem na empresa, se sintam acolhidas de acordo com a sua realidade e possam desempenhar suas funções da melhor maneira possível. Da mesma forma, a equipe que vai recebê-los precisa estar familiarizada com a ideia, com as diferenças que vai encontrar daquele ponto em diante, se sinta confortável e disposta a integrar os novos colegas com respeito e profissionalismo. 

Essa etapa anterior à contratação precisa ser muito bem orquestrada para que a implantação de um programa de diversidade e inclusão seja realmente exitoso. O ideal é começar com a elaboração de um planejamento estratégico que contenha objetivos, metas e cronograma, além da definição de quais perfis de profissionais deseja receber. Paralelamente, é fundamental envolver o público interno. Esse movimento pode ser feito por meio de apresentações e conversas sobre o tema em diferentes níveis, incluindo o C-level, para que o propósito fique claro, assim como a necessidade de engajamento de cada um. Campanhas de comunicação também são ferramentas poderosas para preparar o terreno para o novo posicionamento e criar um ambiente favorável à boa convivência e produtividade de indivíduos diversos.

O tempo de duração da fase de preparação varia de empresa para empresa. Não existe receita de bolo. A área responsável pelo programa deve avaliar a maturidade dos colaboradores sobre a questão para, então, definir a hora de começar a recrutar. Daí em diante, tudo deve ser pensado para favorecer o processo de integração desses profissionais. A começar pela campanha de comunicação para atrair possíveis candidatos às vagas (que muitas vezes nem acreditam que podem ter uma oportunidade no mundo corporativo); depois na abordagem oferecida em todas as etapas do processo e, finalmente, nas ações de boas-vindas e integração. 

Programas de diversidade sérios exigem planejamento, esforços e comprometimento de todos os níveis para que sejam realmente efetivos e tragam benefícios para todos.  

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

Lais Rodrigues

Perfil do autor

Sourcer de Talent Aquisition e responsável pelo Crossroads, programa de diversidade e inclusão da Avenue Code. A organização está trabalhando com intensidade em diversificar o seu quadro de colaboradores. Atualmente, conta com 60% de mulheres em posições de liderança e está criando diversas ações para receber profissionais dos pilares de diversidade identificados pela empresa, LGBTQIA+, pessoas pretas, gerações, gênero, PCD e regionalidades. A empresa, que tem sede nos EUA e 80% da força de trabalho no Brasil, ampliou significativamente o número de funcionários em diferentes regiões do país, devido à possibilidade do trabalho remoto. Com isso, aumentou sensivelmente as diferenças culturais na organização e atua para integrar e acolher cada um deles. Com isso, espera se tornar mais diversa e preparada para interagir com clientes que apoiam valores e práticas semelhantes.