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Gladis Costa    |   30/01/2019   |   Marketing e Comportamento   |  

O mundo sem internet é invisível?

A tecnologia é fantástica, resolve muitos problemas, mas criou outros: dependência é um deles!

“Vida é o que acontece enquanto você olha o celular”.

 

Em maio de 2018, o Ibope Conecta divulgou uma pesquisa apontando que 95% dos brasileiros conectados veem TV enquanto utilizam a Internet. O meio mais utilizado para acesso a rede é o smartphone em 81% dos casos. Uma pesquisa mais recente, desta vez divulgada pelo IBGE – aponta que o número de internautas brasileiros cresceu 10 milhões em um ano – 181 milhões de pessoas, quase 70% da população, se considerarmos usuários acima de 10 anos de idade.  O maior crescimento se deu entre os usuários com mais de 60 anos, com uma taxa de 26%.

Na área urbana, o número de homens e mulheres que utilizam a rede é praticamente o mesmo: 75%, com ligeira vantagem para as mulheres. Na área rural, a diferença é um pouco maior:  42% de mulheres contra 36% de homens conectados. Outras pesquisas indicam que em média 80% dos brasileiros passam mais de 9 horas na internet por dia e 35% checam o celular a cada 10 minutos (esta sou eu....).

Tudo isto para dizer que de uma forma ou outra, estamos conectados o tempo todo. É como se as coisas não aconteceram na internet, provavelmente não aconteceram na vida real ou teriam virado notícia (fake ou não...). É um processo muito complicado. E só analisarmos papel da rede nas eleições ou em fatos que mobilizam a sociedade em geral e podemos ter uma ideia de como a comunicação – ou a falta dela  - impacta a nossa vida.

O problema são as viagens, férias...tão boas e necessárias, mas complicadas quando temos a sensação de que por algum período ficaremos offline. Sair de nossa “área de cobertura” pode ser uma fonte de estresse, ficar sem “comunicação” é algo que nos enche de medo, porque a internet nos liga ao mundo e por consequência nos traz a sensação de fazer parte de algo. A comunicação em aspas não significa isolamento total, afinal, estamos nos comunicando de uma forma ou outra, mas aquela que nos liga ao mundo virtual é de longe a mais valorizada por todo mundo que tem um smartphone. Parece que é lá que o mundo acontece.


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Existe até uma doença para explicar o desespero de ficar sem acesso: é a nomofobia, uma palavra que vem do inglês e significa “no more phone phobia”, a fobia de ficar sem aparelho ou conexão. Nossa, que medo! Posso dizer por experiência própria vivida recentemente. Estive fora por alguns dias com limitadíssimo acesso a Wi-Fi e por limitadíssimo, quero dizer caro, porque os custos de internet em alto mar são proibitivos e decidi evitá-los. Poderia ter comprado um chip, mas o medo de perder meus “preciosos” dados me impediu. Bem, é como estar no cenário do filme “Náufrago”, você sabe que as coisas estão acontecendo, mas você não faz parte delas, me senti meio isolada, confesso. É uma sensação de abandono, coisas para Freud explicar.

O ambiente virtual nos torna reais, por incrível que pareça, nele não somos invisíveis. Talvez não possamos mais voltar no tempo, a comunicação como era não acontecerá mais, não escreveremos mais cartas, não faremos cálculos, e nem ligaremos para as pessoas para saber como estão, já que todas estão online, porém, mas é preciso refletir sobre o assunto, porque qualquer dependência não é saudável. Além do mais, precisamos saber do jeito “analógico” como andam nossos amigos, família sem precisar de chats, messengers,  inbox,  e-mails e outros atalhos virtuais.  Legal seria falar um oi, tomar um café e bater um papo, tudo ao vivo e em cores, como nos velhos tempos.

Antes eu dizia “depois do café eu me expresso”, hoje eu digo “sem Wi-Fi eu não me expresso”.  Algo como “estou conectada, portanto existo”. By the way, hora de checar o telefone...

Um beijo 

Gladis

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
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Gladis Costa

Gladis Costa é profissional da área de Comunicação e Marketing, com vivência em empresas globais de TI. É fundadora do maior grupo de Mulheres de Negócios do LinkedIn Brasil, que conta com mais de 6200 profissionais. Escreve regularmente sobre gestão, consumo, comportamento e marketing. É formada em Letras, e tem pós graduação em Jornalismo, Comunicação Social e MBA pela PUC São Paulo. É autora do livro "O Homem que Entendia as Mulheres", publicado pela All Print.


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