por Laura Lafayette    |   08/03/2017

4 passos para promover a igualdade de gêneros no ambiente corporativo

A luta das mulheres por direitos iguais aos dos homens no mercado de trabalho é um assunto recorrente dentro das organizações. O último relatório do Fórum Econômico Mundial apontou que a igualdade de gêneros perante salários só será possível em 2095. Além disso, a disparidade entre participação econômica e oportunidades para mulheres ainda gira em torno de 60%, quando comparada aos homens.

O longa-metragem Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures), que estreou recentemente nos cinemas do país, ilustra um pouco essa realidade, que se atenua quando observamos a presença feminina no mercado de tecnologia. O enredo aborda como uma equipe de cientistas da NASA formada por mulheres afro-americanas liderou uma das maiores operações tecnológicas da história americana, calculando precisamente a trajetória da nave Apollo 11 à lua.

Dentre tantos filmes que narram a corrida espacial, este foi o primeiro a trazer à tona essa importante faceta da história. Na época, era impossível imaginar que este fato pudesse ser atribuído a mulheres e, ainda hoje, existe um certo preconceito em relação à presença feminina em determinados cargos e funções de alta responsabilidade e poder de decisão.

Porém, é papel dos gestores identificar e conciliar os melhores atributos entre homens e mulheres em suas equipes a fim de obter os melhores resultados. A formação de times plurais estimula a troca de experiências e garante inclusive um maior desempenho financeiro. O estudo O Poder da Paridade, publicado em setembro de 2015 pelo McKinsey Global Institute, revela que zerar a desigualdade de gêneros em escala global poderia dobrar a contribuição das mulheres no PIB mundial até 2025, o que significa que US$ 28 trilhões seriam adicionados à economia do planeta.

Listei abaixo algumas reflexões sobre como avançarmos no sentido de reverter o cenário atual e garantir a formação de equipes com equidade de gênero sem comprometer a produtividade:


Continua depois da publicidade


1- Análise

O primeiro passo é analisar os dados da empresa e atribuir uma métrica para verificar se as promoções internas abrangem homens e mulheres. Por exemplo, qual a proporção entre a quantidade de profissionais do sexo masculino e feminino que ingressaram na organização em comparação com aqueles que atingiram outros níveis hierárquicos? A promoção e efetivação de cargos incorporam ambos os sexos? Uma análise profunda vai auxiliar a traçar um panorama sobre a questão.

2- Debater o tema

Após identificar as oportunidades e características da organização, é interessante formar um grupo de gestores e funcionários para falar sobre diversidade, fomentar discussões pertinentes e deixar todos a par das possibilidades da equipe. Além de maior engajamento, a multiplicidade do projeto resulta no desenvolvimento de novas ideias e iniciativas para o ambiente de trabalho.

3- Políticas de RH

O passo seguinte é promover uma política de ações para revisar os processos de seleção, recrutamento e plano de carreira. Muitas vezes a escolha de um perfil masculino para um cargo de alta responsabilidade é uma atitude realizada de modo “automático”, formada por estereótipos pré-moldados em nossa mente. Por isso, é necessário que os departamentos de RH desenvolvam políticas igualitárias de oportunidades, como a avaliação de currículo às cegas, por exemplo, com foco maior nas habilidades técnicas.

4- Programa de incentivo à igualdade de gêneros

Seguindo as etapas anteriores, o último passo é montar um programa de incentivo destinado a todos os funcionários, pensando em ciclos de palestras e outras ações que gerem o desenvolvimento da equipe, independente de gênero. Nessas atividades é possível avaliar e destacar os diferenciais de cada integrante do time.

Notamos que empresas que possuem maior diversidade nas equipes, desde as funções operacionais até os cargos de liderança, alcançam melhores resultados. É preciso trabalhar com olhos atentos e mente aberta para analisar o ambiente de forma imparcial e sem sexismo. A integração de homens e mulheres no ambiente de trabalho é essencial para a geração de ideias inovadoras e a transformação das organizações, na constante busca por sólidos resultados de negócios.

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

Laura Lafayette

Perfil do autor

Autora é diretora sênior de Recursos Humanos da Unisys para América Latina.